UNIVERSIDADE
FEDERAL DE PELOTAS
RS
BRASIL
EAD/LPD
DOCÊNCIA E SUA PRÁTICA
Meline Aparecida Dias
Taquara, Junho de
2014.
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PÓLO SÃO
FRANCISCO DE PAULA
T4 D
MELINE APARECIDA DIAS
DOCÊNCIA E SUA PRÁTICA
“Não há saber
mais ou saber menos. Há saberes diferentes.”
Paulo
freire.
TAQUARA, 2014.
INTRODUÇÃO
Este presente artigo traz o relato, do estágio
realizado na escola Estadual de Ensino Fundamental Tristão Monteiro, e tem como
objetivo mostrar que este processo se dá através de uma grade curricular,
determinada pela instituição de ensino superior a qual estou em processo de
formação na UFPEL, sendo uma atividade teórica de conhecimento, fundamentação,
diálogo e de intervenção na realidade, pois é no contexto da sala de aula, da
escola, do sistema de ensino e da sociedade que a práxis se dá. Assim a mesma tem como
objetivo mostrar a prática da docência em sala aula, o estágio aconteceu com
uma turma de segundo ano, que tinha uma grande heterogeneidade
entre seus saberes, na sua aprendizagem. Então através da pesquisa e
ação estarei apresentando as problematizações vivenciadas neste período e quais
foram os caminhos percorridos para dar conta neste sentido. Com isso, podemos
ter uma base do que podemos encontrar em uma sala de aula, assim como as
pluralidades que a mesma apresenta.
Palavras-chave: Prática Pedagógica; Estágio; Formação docente.
Pluralidades
Múltiplas da Turma
Para iniciar este artigo
posso relatar que me deparei com uma heterogeneidade com os alunos na questão
da aprendizagem, pois após de muitas observações iniciais, acompanhando a professora titular na
sala de aula, pude perceber que alguns alunos estavam em diferentes estágios, o
que de inicio não me trouxe tanta preocupação, pois pensava que estas
multiplicidades não iriam interferir nas aulas, mas no decorrer do planejamento
fomos percebendo que ali estava uma condição que deveríamos dar conta. Mas a
pergunta que ficava na minha cabeça como fazer? Como devo proceder com esta
situação, e certa de que não tinha experiência nenhuma neste sentido, comecei a
estudar os sujeitos e quais eram seus objetos de estudo. Então como vimos ao
longo do curso, que devemos perceber a realidade do nosso educando, sua vida
social, seu histórico, seu saber, sua comunidade e como ele se vê dentro dela,
mas esta percepção do entorno, de nosso aluno não é no sentido de bisbilhotar
sua vida, mas sim com uma proposta de poder ajudar este sujeito em sua
aprendizagem.
Pois sabemos que são
muitos os fatores que implicam na aprendizagem do educando, assim como sua
particularidade que a envolvem, e neste sentido devemos respeitar seu tempo,
sua forma de aprender, pois é esta a pedagogia que queremos praticar em nossa
docência. Para isso devemos permitir que nossos educandos tivessem espaço para
expressar o que pensa e o que sabe, como diz Paulo Freire (1997).
“Não
basta saber ler que Eva viu a uva. É preciso compreender qual a posição que Eva
ocupa no seu contexto social, quem trabalha para produzir a uva e quem lucra
com esse trabalho.”
Como estamos falando em respeitar o tempo de cada ser, assim ao me
deparar com tantas heterogeneidades de muitos alunos, cada um com sua historia
com sua dificuldade, posso relatar alguns casos como a aluna A: Sabe
copiar, mas não sabe o que esta copiando, reconhece muito pouco às letras, um
fato que aconteceu, na atividade do ditado ilustrado, a mesma escreveu de forma
aleatória as letras e ao questiona-la se estava correta, após a correção no
quadro, ela disse que estava certo, então vimos que a sua escrita não condizia
com a figura. B:
Não reconhece as letras e tem muita dificuldade na copia do quadro, onde leva
uma aula inteira para fazer uma atividade. C: Este
menino possui um histórico de um acidente domiciliar onde o mesmo sofreu um
trauma na cabeça e com isso surgiram outros problemas que automaticamente
afetaram seu aprendizado, antes deste episodio o mesmo dominava a escrita e a
oralidade. Possui dificuldade em reconhecer e copiar as letras, não tem muita
visibilidade de um olho e necessita de muita atenção e incentivo na hora de
fazer as atividades. D:
Disperso, se perde ao prestar atenção em outras coisas, necessitando sempre de
incentivo e atenção, porém ele tem conhecimento das letras. E:
Não tem domínio das letras, a oralidade dela sempre traz um T, não consegue
formar silabas, necessitando de auxilio, sempre pergunta quando não sabe. F:
Não sabe as silabas, mas conhece as letras e pede ajuda para formar as palavras,
e muito inquieta. G: Tem um histórico de violência e surtos, tem
episódios que ele agride os colegas, pois quer atenção toda para ele, segundo a
professora titular já teve muita melhora, mas necessita de auxilio direto para
fazer as atividades, reconhece as letras, já forma silaba e já esta tentando
ler. Então
para dar conta de tantas pluralidades trabalhava junto sempre em sua classe
auxiliando os alunos nas tarefas e neste ponto também tinha que dar conta dos
alunos que estavam aptos a todas as tarefas, assim pedia para que os mesmos
ajudassem seus colegas nas tarefas, pois tinha que dar atenção a todos, e as
tarefas era a mesma para todos, pois não seria viável trazer outro tipo de tarefa
para os outros, assim logo os demais poderiam caçoar de seus colegas por que
não estavam fazendo o mesmo trabalho, ou ate mesmo querer fazer o que o colega
estava realizando, então para evitar tais constrangimentos optei por trabalhar
auxiliando o aluno e sua classe, quero dizer que não é uma tarefa fácil, pois todos
querem atenção, mas consegui efetuar meu auxilio com todos que precisavam.
Ao planejar as ações que
fariam com que os educandos pudessem adquirir o conhecimento proposto pela grade
curricular, que seria a alfabetização dos mesmos, não foi uma tarefa muito
fácil, pois ate então nossas habilidades estavam voltadas à educação infantil, onde somente o lúdico predominava,
então você se depara com uma grade curricular, onde terás que dar conta de
muitas outras disciplinas que já começam a envolver seus educandos, teve que
ter muita intencionalidade para a ação que pretendia trabalhar com eles. Com
isso no planejamento procurei trazer atividades lúdicas, pois ao longo das
observações percebi que as crianças estavam muito condicionadas a copia, tudo
muito mecânico, sem alegria sem dinâmica, então desenvolvi no planejamento
ações bem dinâmicas, como ditado ilustrado trazendo imagens que eles estavam
acostumados a ver em seu dia a dia, assim eles começaram a relacionar as letras
com tais imagens, e os que já dominavam adoraram também este tipo de atividade,
pois era algo diferente, ficavam entusiasmados para fazer a atividade proposta,
nas atividades como recortes, trabalho com tintas, produção da maquete foi
muito gratificante perceber o quanto eles estavam dispostos nestas ações.
Trabalhei bastante leitura com eles, mas não somente ler para eles, mas sim
leituras com entonações de voz, gesticulando movimentos, trazendo as crianças
para dentro da historia, fazendo com que eles participassem da leitura na forma
como eles sabiam.
Assim posso dizer que as
crianças tiveram grande participação nas aulas sempre querendo interagir, e
questionado o porquê das ações. Percebeu-se a aprendizagem de todos, cada um do seu jeito, pois sabemos que não
existe a não aprendizagem, existe tempos e formas diferentes de aprender, e
esse deve ser o nosso foco como mediador das ações, auxiliando nossos educados
na sua aprendizagem, seja ela da forma que for importante para meu aluno. Pois Freire
(2002) nos fala:
“Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as
possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção.”
Nesta construção de
planejamento sempre procurei relacionar o mesmo com a proposta do Projeto
Politico Pedagógicos, onde visa o crescimento intelectual de seus alunos, oferecendo
ao educando uma formação escolar básica sistematizada e de qualidade nas áreas
do conhecimento básicos, buscando aperfeiçoar e atualizar a clientela escolar,
gerando seres humanos integrados, inteligentes, participativos, fraternos, com
espírito crítico e capaz de se libertarem mutuamente dos condicionamentos.
Neste sentido busquei sempre trabalhar a autonomia dos educandos, como Freire nos coloca na pedagogia
da autonomia, fazendo com que os mesmos participassem
de forma ativa nas atividades propostas e não somente impondo atividades, pois
eram questionados sobre os seus sabres e o que gostariam de aprender, assim como
tinham liberdade para questionar sempre que achavam necessário, este
desenvolvimento aconteceu durante todo o período do estagio, pois a missão da
escola é de formar seres capazes de opinar e julgar seus atos.
Com essa proposta de
autonomia percebi que muitos alunos evoluíram de alguma forma, os que não
reconheciam bem as letras, já começavam a relacionar ela com mais facilidade, aqueles
que necessitavam de incentivo para desenvolver as atividades com mais atenção, se
mostraram mais atenciosos em alguns momentos, os alunos que terminavam logo as
tarefas se mostravam dispostos a ajudar seus colegas, com isso se sentiam
importantes e capazes de ajudar. Enfim era um trabalho de construção de
conhecimento, pois ninguém sabe tudo, sempre temos algo mais para apender e
ensinar. E a realidade deles me fez perceber o quanto cada um aprende ou ensina
de forma diferente e acredito que todo o meu conhecimento que adquiri durante a
minha formação só veio a acrescentar na aprendizagem dos educandos. Pois a
minha aprendizagem sempre esteve em conhecer a realidade do meu aluno, de ter
um senso investigativo, de respeitar o outro, a sua historia e sua vivencia, e
neste sentido pude perceber durante o estagio o que cada um tinha pra me
ensinar, seja qual forma for, pois assim pude perceber o que cada aluno queria
me dizer, me ensinar a ensinar ele, assim me senti mediadora da aprendizagem
dos mesmos.
Essa mediação de
aprendizado foi acontecendo, conforme discutimos quais ações seria viável para
o aprendizado satisfatório para os educandos, neste sentido a troca de
vivencias com outros colegas, também foi de grande ajuda, pois sempre surgia
alguma dinâmica nova para aplicar com eles, e esta proposta podia ser ate mesmo
em arrumar as classes de outra forma, pois estavam sempre na mesmice de um
atrás do outro, a produção de um cartaz trazia muita satisfação dos mesmos. Não
posso afirmar que tais ações possam ter interferido na aprendizagem dos alunos,
pois minha experiência não e vasta, mas posso afirmar que algum diferencial
trouxe para a vida deles, que seja pelos menos momento alegres ou diferentes,
mas tocaram eles de alguma forma, pois eram os únicos recursos que tínhamos
para que nossas crianças adquirissem algum conhecimento, éramos nós com as
possibilidades que tínhamos na sala de aula. Então podemos dizer que o
crescimento foi mutuo de ambas as partes, o professor como mediador da
construção dos saberes.
Considerações Finais
Este estágio só veio a
acrescentar em meu aprendizado, pois é onde vivenciamos o que realmente
acontece em sala de aula, é na prática que podemos colocar tudo o que
aprendemos, e como dar vida a tantas leituras a tantas ansiedades, ali você
esta vendo na integra tudo o que acontece, e tudo que pode acontecer, este
estagio teve como objetivo nos fortalecer para um futuro muito próximo, onde
estamos sedentas para fazer a pedagogia acontecer como estamos vendo ao longo
desses anos de estudo.
Posso concluir que ser um professor
mediador de conhecimentos, exige muito estudo, pesquisa, ação, ter conhecimento
da realidade dos educandos, e em todos os sentidos que se fazem, para então por
interligar disciplinas, projeto politico pedagógico e matrizes curriculares, e assim poder transferir o
conhecimento do objeto proposto. Pois nessa caminhada tive muitas dificuldades
em deixar esses itens bem harmônicos, pois como acontece na grande maioria, nem
sempre o que é proposto por uma matriz curricular condiz com a realidade da
turma a qual estamos trabalhando. Com isso devemos sempre interligar estes
pontos, para que tudo fique de forma equilibrada, e assim os educandos possam
adquirir o conhecimento.
Na pratica pude perceber o quanto a
metodologia dialética se faz necessária, para que nossos educandos se tornem
capazes de reagir na sociedade, e este método que pretendo desenvolver em minha
docência, buscando sempre trabalhar esses pontos que Vasconcellos nos fala na
leitura, e que são fundamentais para que o educando adquira conhecimento, que
são: mobilização para o conhecimento, construção do conhecimento e elaboração
da síntese do conhecimento. Pois,
“O método dialético de conhecimento em sala de aula se
pauta, pois, pela construção do conhecimento a partir do movimento do
pensamento que vai do abstrato (enquanto indeterminado, com relações não
apreendidas) ao concreto (de pensamento).”
Sendo assim após esta vivencia na
escola, pude perceber a importância da formação continuada e do constante do aprimoramento
dos conhecimentos da área, das necessidades sociais, da investigação e da
própria prática. Este estágio contribuiu para meu crescimento e desenvolvimento
intelectual na minha formação.
Referencias bibliográfica
e/ou consultadas
VASCONCELLOS, Celso dos S..
Metodologia Dialética em Sala de Aula. In: Revista de
Educação AEC. Brasília: abril de 1992 (n. 83).
PRÁTICA
DOCENTE II Reflexão Primeira Semana.
Meline e Pâmela.
Sites:
http://pensador.uol.com.br/frases_de_paulo_freire_sobre_metodos_educacionais/
disponível em dia 23/06/2014, hora: 20h38min.
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