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segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Geografia e História no Contexto Escolar



O Ensino da Geografia e História no Contexto Escolar
por Vanessa Reinhardt

            Para compreendermos as formas atuais de abordagem das áreas temáticas de história e geografia nas instituições de ensino, é preciso antes de mais nada, atentarmos para seus princípios epistemológicos e portanto, para o fato de que o ensino destas sempre esteve ligado a escolhas políticas, que nortearam o que e quando aprender. Assim sendo, ao analisarmos a “entrada” destes componentes na educação formal do país, é possível perceber que esta se deu com o intuito de priorizar um sentimento de unidade de uma nação, formando indivíduos patriotas, conhecedores de fatos heroicos e nomes de heróis nacionais e acima de tudo admiradores e não questionadores do que lhes era apresentado.
            Diferentes correntes teóricas e planos de mudança nas grades/matrizes curriculares se deram ao longo da história brasileira no intuito de tornar a geografia e a história como algo significativo e que levava em consideração o aluno como sujeito histórico e parte integrante do seu meio, espaço e tempo. Como produtor de territórios e protagonista de sua história. Porém, muito do que vemos ainda em nossas salas de aula, são um olhar estático sobre estes conteúdos, que são apresentadas de forma linear e estática, ainda priorizando que os alunos decorem datas, nomes de capitais e seus estados, tipos de vegetação, feitos históricos longínquos e inquestionáveis. Aqui, vale revisitar o meu próprio ensino destas disciplinas em que, por exemplo, aprendíamos sobre a Serra Gaúcha (localidade onde sou moradora), através dos livros didáticos com livros e gravuras. Ficávamos passivos diante do livro e do professor que ia acumulando dados sobre a nossa própria região, sem saídas de campo, sem observação da ação humana sobre nossos espaços geográficos, sem a noção da importância do pinhão para a nossa economia, sem as discussões acerca do clima, vegetação para a produção do turismo. Enfim, sem a ação humana de nossos antepassados e de nós mesmos como autores e produtores de territórios e de uma história, a nossa história, e, portanto, a história da Serra Gaúcha.
            Para que mudanças reais aconteçam, e para que possamos alcançar objetivos menos de civismo e mais de cidadania, é preciso considerarmos o aluno como sujeito de sua própria história, que, através de suas relações com o outro e com o meio, vai constituindo fatos, territórios, história e vida. Ou como nos dizem os PCN`s
“O aluno deve ser capaz de questionar sua realidade, identificando alguns de seus problemas e refletindo sobre algumas de suas possíveis soluções reconhecendo formas de atuação política, e organizações coletivas da sociedade civil”. BRASIL. 2007.                              
         Para tanto, acredito ser imprescindível no ensino fundamental, trabalharmos fora de uma lógica da história e geografia como algo que não se questiona, como se diferentes pontos de vistas não pudessem levar-nos a diferentes compreensões, como o conceito de tempo apenas como algo cronológico e como se o ponto de partida sempre fosse os fatos nessa linha cronológica. A história e a geografia não são algo distante da nossa realidade, elas acontecem aqui e agora, simultaneamente, de diferentes formas, baseada em diferentes modos de vida, culturas e aspectos, e ao aluno deve ser dado o direito de se reconhecer nesse processo.

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