Os
reais protagonistas do saber
por Evelini Rocha
No
cenário atual da educação no Brasil, percebemos as inúmeras dificuldades
existentes em uma sociedade desigual e discriminatória, onde os sujeitos
envolvidos sofrem os agravos de um modelo autoritário, sem provimento dos direitos
básicos dos cidadãos, condições reais e necessárias de trabalho e salários
indignos a sua profissão. A modificação desses fatores, é indispensável para a
construção, reorganização e crescimento das instituições de ensino.
Dentro
deste contexto, percebemos uma cultura existente nas instituições, quando se
trata do professor, é o “detentor do saber”. Esta condição criada em uma
metodologia tradicionalista, está enraizada na sociedade de forma e dificultar
as transformações necessárias para um novo olhar sobre educação.
Essa metodologia traz o professor como mero
transmissor de informações, seguindo roteiros e avaliações arcaicas, e o aluno
como ouvinte/passivo, se utilizando de “decorebas”, com objetivos simplórios na
construção do seu conhecimento.
Diante
do exposto, faz-se necessário um olhar diferenciado à instituição de educação e
suas funções. Se queremos uma escola
plural, multicultural, dialógica e portanto transformadora, devemos nos
perguntar de que forma, nós, enquanto professores somos responsáveis por essa
mudança.
O
professor deve tentar se apropriar da realidade do aluno e da escola, buscando
compreender o contexto no qual estão inseridos. Desta forma, como diz Moran
(2009), atingirá todas as dimensões envolvidas no processo de ensino/aprendizagem,
desde as cognitivas, até as emotivas, sociais e éticas.
Sabemos
da necessidade de professores mais humildes respeitando a si próprio a aos
outros, corajosos para lidar com os medos existentes, tolerantes a aprender com
o diferente, livres, pois:
“...não
importa se com deslizes, com incoerências, mas disposto a superá-los, a
humildade, a amorosidade, a coragem, a tolerância, a competência, a capacidade de
decidir, a segurança, a eticidade, a justiça, a tensão entre paciência e
impaciência, a parcimônia verbal, que
contribuo para criar, para forjar a escola feliz, a escola alegre. A escola que
é aventura, que marcha, que não tem medo do risco, por isso que recusa o
imobilismo. A escola em que se pensa, em que se atua, em que se cria, em que se
fala, em que se ama, se adivinha, a escola que apaixonadamente diz sim à vida. E não a escola que
emudece e me emudece.” FREIRE,1997
Na busca por um bom relacionamento com
os alunos e uma “real” construção do conhecimento, o professor mais pretensioso
de cidadania e menos pretensioso de conteúdos, mais libertador, dinâmico,
colaborativo e dialógico, trazendo a democracia, consegue se apropriar das
realidades dos sujeitos, assim modificando seu olhar sobre o ensino, sobre seu
aluno e sobre si mesmo, desta forma, conseguirá recolocar-se neste processo,
reconhecendo a não necessidade de “saber tudo”, permitindo-se mais humilde e
tornando-se mais livre. Pois “só pessoas livres - ou em processo de
libertação - podem educar para a liberdade, podem educar livremente. Só pessoas
autônomas, livres podem transformar a sociedade.” (Moran, Educar o
Educador, 2009).
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MORAN, José Manuel. Novas
Tecnologias e Mediação Pedagógica. Educar o Educador. 16ª ed. Campinas:
Papirus, 2009, p.12-17. Disponível em: http://www.eca.usp.br/prof/moran.
FREIRE, Paulo. Professora
sim, tia não. cartas a quem ousa ensinar. 1997 p. 42
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