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quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Resenha escrita durante a  Oficina Diálogos sobre gênero, sexualidades e espaço escolar, onde trabalhamos sobre o papel da escola na luta contra os preconceitos.


NOVOS TEMPOS: VELHOS PRECONCEITOS

            Há uma constante transformação no mundo, uma transformação nos papéis idealizados para o homem e apara a mulher. Se antigamente, a mulher era criada para saber bordar, cozinhar, cuidar da casa, servir ao marido e filhos, o homem era criado para ser o provedor da família, aquele cuja decisão não podia ser contrariada, e a união de ambos servia apenas para procriar sem maiores expectativas.
            Desde lá já se via um movimento de ambas as partes, contrários a este destino, assim como o homem, a mulher queria vivenciar todas as experiências, queria se aventurar pelo mundo, sem precisar casar, sem ser taxada de “solteirona”, o homem também, queria quebrar expectativas familiares sobre si, viver a plenitude da incerteza, sem precisar ser o homem ideal criado pela sociedade.
            Com todo esse conflito interno e externo, o que não era ideal, tanto para a mulher quanto para o homem, se tornou “margem”, excluídos, pessoas escondidas dentro de si, opiniões escondidas dentro de máscaras de indiferença, pessoas “diferentes” estigmatizadas por uma sociedade vil e preconceituosa.
A luta começou e perdura até os dias atuais procurando desmitificar mitos e preconceitos, como diz Felipe e Goellner no livro Corpo, gênero e sexualidade: um debate contemporâneo na educação, capítulo 3. O capítulo trata principalmente deste assunto, grupos sociais antes submetidos e silenciados, que passam a incomodar o “centro”, “subitamente, as diferenças de gênero e raciais estavam sobre a mesa de discussão “e,” uma vez que isso aconteceu, a “diferença” tornou-se foco do pensamento...”
Segundo estes autores, o que não de deve deixar acontecer nesta luta por direitos iguais é simplesmente inverter papéis, trazendo o centro para a margem e vice versa. Eu penso que tratar todas as mulheres, por exemplo, como estigmatizadas é dar margem para mais diferenças, pois nem todas as donas de casa, o são por imposição, muitas escolheram ser assim por se sentirem felizes e não se sentem diferentes por isso, querer impor sentimento de luta nelas é continuar desrespeitando o direito que temos de livre arbítrio. O mesmo vale para a sexualidade, nem todas as pessoas que optam por parceiros sexuais do mesmo sexo se sentem estigmatizadas, acredito não ser possível generalizar nada, pois isto é boicotar as diferenças que temos. “Não eliminamos a diferença, mas, ao contrário, observamos que ela se multiplicou –o que nos indica o quanto ela é contingente, relacional, provisória.”  Partindo desta premissa acredito ser possível desconstruir a sociedade e torna-la mais aberta para novas pluralidades que os novos tempos trazem.
Quanto ao papel da escola neste novo tempo,  o mesmo é discutido na  por Lucia Facco, na Escola como questionadora de um currículo homofóbico, onde ela discorre sobre o papel fundamental da escola na formação de indivíduos capazes de mudar a sociedade. A autora fala sobre  os estigmas, a função da escola em aboli-los, como se sente o estigmatizado, questiona o que é ser normal e como a escola ajuda a construir preconceitos. Na minha opinião a escola até tenta ajudar, porém às vezes, acaba por criar padrões, como, por exemplo, os alunos perfeitos, aqueles que não incomodam, aprendem rápido e não dão trabalho algum, os “diferentes” disto são rotulados de alunos problemas. Quanto a sexualidade e gênero a escola ajuda a difundi-los no momento em que a parte que deveria dar apoio, também caçoa do “diferente”, quando o professor se diz sem preconceitos, mas faz piada, age de modo contrário ao que pede aos alunos.
Logo, eu acredito que a sociedade hoje, banaliza os preconceitos, cria modismos ao invés de quebrar paradigmas, tenta generalizar todos, esquecendo a pluralidade, multiplicidade complexa que há no mundo, e as futuras pedagogas precisam estar cientes que não vão mudar todos, mas com as pequenas “sementes” plantadas junto as crianças já reforçaremos o sentimento de que devemos respeitar toda e qualquer diferença, tratando as pessoas com dignidade, confiança e amor.




REFERÊNCIA

LOURO, Guacira Lopes. Currículo, gênero e sexualidade: o “normal”, o “diferente” e o Excêntrico”. In: LOURO, Guacira Lopes. NECKEL, Jane FELIPE. GOELLNER, Silvana Vilodre. Corpo, gênero e sexualidade: um debate contemporâneo na educação. 3ª ed. – Petropolis, RJ: Vozes, 2007.
FACCO, Lúcia. A escola como questionadora de um currículo homofóbico. In: SILVA, Joseli Maria. SILVA, Augusto Cesar Pinheiro da. (org) Espaço, gênero e poder: conectando fronteiras. Ponta Grossa, Todapalavra. 2011. 



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