NOVOS TEMPOS: VELHOS
PRECONCEITOS
Há uma constante transformação no
mundo, uma transformação nos papéis idealizados para o homem e apara a mulher.
Se antigamente, a mulher era criada para saber bordar, cozinhar, cuidar da
casa, servir ao marido e filhos, o homem era criado para ser o provedor da
família, aquele cuja decisão não podia ser contrariada, e a união de ambos
servia apenas para procriar sem maiores expectativas.
Desde lá já se via um movimento de
ambas as partes, contrários a este destino, assim como o homem, a mulher queria
vivenciar todas as experiências, queria se aventurar pelo mundo, sem precisar
casar, sem ser taxada de “solteirona”, o homem também, queria quebrar
expectativas familiares sobre si, viver a plenitude da incerteza, sem precisar
ser o homem ideal criado pela sociedade.
Com todo esse conflito interno e
externo, o que não era ideal, tanto para a mulher quanto para o homem, se
tornou “margem”, excluídos, pessoas escondidas dentro de si, opiniões
escondidas dentro de máscaras de indiferença, pessoas “diferentes”
estigmatizadas por uma sociedade vil e preconceituosa.
A
luta começou e perdura até os dias atuais procurando desmitificar mitos e
preconceitos, como diz Felipe e Goellner no livro Corpo, gênero e sexualidade:
um debate contemporâneo na educação, capítulo 3. O capítulo trata
principalmente deste assunto, grupos sociais antes submetidos e silenciados,
que passam a incomodar o “centro”, “subitamente,
as diferenças de gênero e raciais estavam sobre a mesa de discussão “e,” uma
vez que isso aconteceu, a “diferença” tornou-se foco do pensamento...”
Segundo
estes autores, o que não de deve deixar acontecer nesta luta por direitos
iguais é simplesmente inverter papéis, trazendo o centro para a margem e vice
versa. Eu penso que tratar todas as mulheres, por exemplo, como estigmatizadas
é dar margem para mais diferenças, pois nem todas as donas de casa, o são por
imposição, muitas escolheram ser assim por se sentirem felizes e não se sentem
diferentes por isso, querer impor sentimento de luta nelas é continuar
desrespeitando o direito que temos de livre arbítrio. O mesmo vale para a sexualidade, nem todas as pessoas que optam por parceiros sexuais do mesmo sexo se
sentem estigmatizadas, acredito não ser possível generalizar nada, pois isto é
boicotar as diferenças que temos. “Não
eliminamos a diferença, mas, ao contrário, observamos que ela se multiplicou –o
que nos indica o quanto ela é contingente, relacional, provisória.” Partindo desta premissa acredito ser possível
desconstruir a sociedade e torna-la mais aberta para novas pluralidades que os
novos tempos trazem.
Quanto
ao papel da escola neste novo tempo, o
mesmo é discutido na por Lucia Facco, na
Escola como questionadora de um currículo homofóbico, onde ela discorre
sobre o papel fundamental da escola na formação de indivíduos capazes de mudar
a sociedade. A autora fala sobre os
estigmas, a função da escola em aboli-los, como se sente o estigmatizado,
questiona o que é ser normal e como a escola ajuda a construir preconceitos. Na
minha opinião a escola até tenta ajudar, porém às vezes, acaba por criar
padrões, como, por exemplo, os alunos perfeitos, aqueles que não incomodam,
aprendem rápido e não dão trabalho algum, os “diferentes” disto são rotulados
de alunos problemas. Quanto a sexualidade e gênero a escola ajuda a difundi-los
no momento em que a parte que deveria dar apoio, também caçoa do “diferente”,
quando o professor se diz sem preconceitos, mas faz piada, age de modo
contrário ao que pede aos alunos.
Logo,
eu acredito que a sociedade hoje, banaliza os preconceitos, cria modismos ao
invés de quebrar paradigmas, tenta generalizar todos, esquecendo a pluralidade,
multiplicidade complexa que há no mundo, e as futuras pedagogas precisam estar
cientes que não vão mudar todos, mas com as pequenas “sementes” plantadas junto
as crianças já reforçaremos o sentimento de que devemos respeitar toda e
qualquer diferença, tratando as pessoas com dignidade, confiança e amor.
REFERÊNCIA
LOURO,
Guacira Lopes. Currículo, gênero e sexualidade: o “normal”, o “diferente” e o
Excêntrico”. In: LOURO, Guacira Lopes. NECKEL, Jane FELIPE. GOELLNER, Silvana
Vilodre. Corpo, gênero e
sexualidade: um debate contemporâneo na educação. 3ª ed. – Petropolis, RJ: Vozes,
2007.
FACCO, Lúcia. A escola como questionadora de um
currículo homofóbico. In:
SILVA, Joseli Maria. SILVA, Augusto Cesar Pinheiro da. (org) Espaço, gênero e poder: conectando
fronteiras. Ponta Grossa, Todapalavra. 2011.
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